Ando louca e tagarela. Dilemas de uma velha. — Velha?! Eu??? Ah, não acredito em você. Vou olhar no espelho. — Olhe então... — Valha-me Deus, Nossa Senhora. Quem é essa? — Uma velha. — Eu?! Ou você? — Você, é claro! Eu sou jovem. — Quer dizer que o tempo passou e, que a moça refletida no espelho, não é mais Assim tão moça? — Não é. Transformou-se em senhora. E de senhora, em senhora, caminhou pelas vielas enrugadas de sua face, sem perceber que eram suas — essas vielas franzidas. Por onde transitava... — Pelas barbas de Merlin! Como ela pôde andar assim tão... Tão... Distraída? Esquecida de se olhar no espelho? — Eu não me esqueci. Olhava todos os dias, religiosamente. Espreitava. Aguardava ansiosa que ela me reconhecesse... Ela é quem nunca olhava. — Talvez não quisesse se encontrar com a velha... — E tinha como fugir dela? — Sinceramente? Não tinha. Um dia ela viria. Um dia ela olharia no espelho e com a Velha se encontraria. — E de quem é essa terceira voz, cujo semblante não se reflete no espelho? — Ah, essa eu não vou dizer de quem é... Descubra por si mesma. — Mas, se o espelho não reflete a Realidade, posto tratar-se de uma Miragem, talvez seja melhor criar Coragem e... — Trocar de espelho? — Pode ser. O fim é sempre o recomeço. Copyrigth©, 2008, Edna Vezzoni.
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