
Era uma vez uma vovó que queria muito, mas, muito mesmo encontrar um presente para a sua netinha. Porém, ela estava sem ideias do que comprar. Coitada.
Ela foi até algumas lojas. Adentrou em uma delas. Olhou, e o óculos caindo no nariz. Espichou os olhos em todas as prateleiras, e, nada, nada lhe agradou. Tudo o que ela via a netinha já tinha, ou quase tudo, uma vez que alguns brinquedos ainda não eram para a idade da garotinha, já que ela tinha uma mão cheia de anos e um novo ano se aproximando de um dos dedos da sua mão esquerda.
Havia de encontrar algo de interessante para a menininha que mora em seu coração. A vovó foi para a outra loja de brinquedos e nada nadinha mesmo lhe interessou. Sniff.
Assim foi em todas as lojas que ela escarafunchou. Já era hora de almoçar e a vovó voltou para a casa dela que fica longe demais da conta da casa da netinha.
Sentou-se a mesa para almoçar e pensou: -- Acho que vou dar uma volta na floresta para ver se encontro uma inspiração. Só que o sol ardia bastante, o que obrigou a vovó a pegar a sombrinha, e a garrafinha de água também. Sabe como é, né? No calor a gente precisa se hidratar.
Lá se foi a vovó com seus passos lerdos em direção a floresta. Lá chegando ela perguntou:
– Licença dona Floresta, posso entrar para passear?
– Pode sim, vovó. – A floresta respondeu.
A vovó entrou. Ela estava cansada de tanto andar e sentou-se em um toco de árvore. Apanhou a garrafinha para tomar água quando ouviu uma voz vinda de um dos galhos da árvore.
– Olá, vovó!
A vovó olhou para cima e perguntou:
– Quem está falando?
– Sou eu a corujinha.
– Não estou te vendo.
– Claro que não! Você, está olhando para o outro galho, estou bem aqui, vire a cabeça.
– Oh! Ah, sim, linda corujinha, agora te vejo. Perfeitamente.
– O que fazes aqui vovó?
– Vim buscar uma ideia, sabe?! Quero muito comprar um presente para a minha bela netinha. É para o Dia das Crianças, doze de outubro. Já procurei nas lojas e nada. Nadica de nada, e o Dia das Crianças tá logo ali, na esquina da vida.
A coruja olhou para um lado, depois para o outro e arrulhou:
– Sei como é vovó. Também tenho dificuldade para encontrar presentes para os meus netinhos... Penso que posso te ajudar. – Falou a corujinha.
– Ah, eu ficaria tão feliz, tão grata, você não faz ideia do quanto. – A vovó suspirou.
– Me diga uma coisa vovó, você não costura?
– Costuro, por quê?
– Ora, ora carambolas! É simples. Faça uma colcha de retalhos para ela.
– Uma colcha de retalhos? Acho que não teria graça. – A vovó contemporizou.
– Não é uma colcha qualquer. É uma colcha de bichinhos. – A coruja retrucou.
– Como assim? Eu não posso pegar os bichinhos e costurá-los.
– Eita! Deixa de ser boba, vovó. O mundo evoluiu. A senhora não tem celular?
– Tenho... – A vovó confirmou.
– Então, fotografe os bichinhos e passe as fotos para o tecido. Daí, corta, recorta, alinhava e costura.
– Uau! – Fez a vovó. – Que ideia genial dona corujinha.
– Não é atoa que eu sou considerada a mais sabia entre todas as criaturas. – E movimentou as asinhas, orgulhosamente. – Vou chamar todos os bichinhos. Pronta para fotografar?
– Sim, sim.
Um por um os animaizinhos foram chegando e disputando entre eles quem seria o primeiro a ser fotografado, depois da coruja, é claro.
Até o jacaré veio e a corujinha lhe perguntou:
– Cadê o sapo, jacaré?
– Mandei-o de volta para a lagoa.
– Por que jacaré?
– Porque ele mora na lagoa e não lava o pé. Não lava o pé porque não quer. Aí que chulé!
E os bichinhos foram chegando. Entre eles um tal de lacinho.
– Lacinho, você não é um bichinho. – Disse a corujinha.
– Não, de fato não sou um animalzinho, mas eu enfeito a vida das pessoas. – Respondeu o lacinho e ali ficou.
– Balas e pirulitos, vocês também não são bichinhos.
– Deveras, não somos, nós adoçamos a vida das pessoas. – Responderam as balas e os pirulitos e ali fincaram pé.
– Dona Sombrinha, onde a senhora pensa que vai? – Indagou a corujinha.
– Faça sol ou faça chuva, estarei disposta a proteger a menininha. – E rodopiou no ar.
Aí apareceu o Unicórnio.
– Vovó, você me coloca no forro da colcha?
– Você é tão lindo! Deveria ficar na frente e não no forro da colcha. – Disse a vovó.
– Quero ficar no forro, desse jeito eu fico bem pertinho da sua netinha. – Insistiu o Unicórnio.
– Ah, tá. Entendi. Assim será. – A vovó respondeu.
O sol já estava se pondo no horizonte. Era a hora da Lua brilhar no céu. A vovó agradeceu todos os bichinhos e voltou feliz para casa.
– Fim? – A Lua perguntou.
– Não, não, a história prossegue nos sonhos da Lelê.
– Boa noite, mamãe, Tais. Boa noite, papai, Arthur. Boa noite, vovós. Boa noite, vovôs.
– Boa noite, linda, Helena. – Todos responderam.
Vó Éda!!!
Comments