O sol ainda dormia. José, garoto mirradinho, abriu os olhos e pulou para fora do catre. Dentro do casebre os pais ressonavam. Ele puxou os suspensórios, calçou as botas corroídas e rasgou um pedaço do pão amanhecido sobre a rustica mesa. Abriu a porta de varas e lá fora, tomou posse da sua varinha de sabugueiro. ― Deu uma mordida no pão e se pôs a caminhar pela campina, a vara deixando rastros no capim conforme ele a arrastava atrás de si. Flores vicejavam, pássaros chilreavam na expectativa do novo clarão. Os pássaros sabiam instintivamente que após a escuridão o clarão volta. Sempre volta.
Do conto: Flauta do Amanhecer
Do livro: Verão: Contos e Crônicas
De Edna Vezzoni

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